Sem máscara, cópia única



Estás a ler? Diz que sim, porque eu quero escrever tudo. Tu nem sabes como é difícil ser eu mesma, como é difícil ser alguma coisa. Não fingir, ou tentar fazer o que todos fazem sem um pingo de vergonha. Porque eu não sei fingir, sabes quando tu não consegues? Até sei mentir um bocadinho, mas mentir é ser tão não-eu-mesma, que por mais que eu tente não consigo. Não posso não ser eu mesma, não ser sensível e arrogante ao mesmo tempo, não ser triste e engraçada na mesma proporção. Procuro alcançar o sucesso em tudo o que faço tenho um lado meu bastante perfecionista. Acredito num ser superior, talvez por isso em alguns momentos deparo-me com alguém diferente e questiono-me, porquê isto? Não fumo, não acho graça, nem bebo só para fazer parte da sociedade dos jovens de hoje em dia, não gosto de beijar sem gostar dessa pessoa. Não ouço música que não curto só porque está na moda. Às vezes desconfio de todos, já que todos parecem usar o individualismo como roupa íntima, ou seja, uma peça indispensável. Perfeição não existe e muitas coisas também não sou, apesar de acharem que sim, sinceramente há tantas coisas que não funcionam comigo, talvez porque sou de signo peixes e os peixes também não podem voar, temos que aceitar algumas limitações e procurar a felicidade. Sou exigente, confesso!  E chata para escolher roupa, preciso de me apaixonar pela peça, mas não fico indiferente com os necessitados e sou simpática com os idosos, odeio que maltratem os animais ou cometam injustiças. Tenho pavor de insectos.
Como todos procuro a perfeição e como tal isto é sinónimo de cobranças e limita a minha margem de erro, evito pisar em falso e detesto que falem de mim quando apenas o meu nome conhecem, acho que ninguém tem o direito de falar o que não deve de alguém que desconhece por completo.
 Esqueçam quem acha que procurar seguir todas as regras é deixar a diversão de lado, ou fazer o que querem, como querem. Não, não é verdade, sou moldável e solúvel. Para problemas eu não sirvo, não é essa a minha praia, embora muitas vezes me sinta tentada, mas tenho um padrão de vida onde não inclui má educação. Não é cada um que tem de mim o que merece, às vezes também sou injusta, e em outras talvez ingénua. Não sou uma pessoa que carrega muita coisa às costas, mas acredita que carrego muita coisa dentro de mim. Carrego um medo portátil, uma loucura adesiva, um souvenir chamado indecisão. Sou dramática, e detesto sorriso falso. Eu tenho focos na vida, escolhi algo para conquistar e esforço-me para conseguir. Prefiro palavras, o silêncio incomoda-me, e o que é dito muitas vezes magoa-me ou alegra-me, sou passiva, mas gosto de acções, muitas vezes o sol já brilha, dando o ar da sua graça mas eu só quero dormir. Tentar rotular-me ou definir pode ser a maior perda de tempo.
 E esse tal de perfeito veio com a definição errada, já que perfeito não é o ser mais bonito, o melhor, o top, perfeito é aquele que se encaixa mesmo sendo torto, que é belo mesmo sendo desajeitado. A verdade é que muitas vezes somos fora do comum, sem ser incomum. Sou apenas eu mesma, cópia única.

2 comentários:

Eduardo disse...

Melhor seria impossivel, adorei.

Patrícia Palhares disse...

Obrigada Eduardo.